Antigamente eu recebia cartas.
E mesmo sem saber o conteúdo, aquele envelope carimbado em
minha caixa de correios dizia-me que o remetente se importava comigo,
Que gastara tempo, caneta e papel, duas dobras para caber no
envelope, colado e selado,
E muitos passos gastos até os correios ou o ponto de coleta
mais próxima.
Hoje? Hoje eu não recebo mais cartas, o mundo mudou! E nas
cartas digitais não tenho o mesmo valor.
Sou apenas um endereço em listas gigantescas de mailing, que
talvez o remetente se preocupe em saber se eu li, apaguei ou caiu como spam.
Suas intenções não são de alguma forma dizer: preocupo-me
com você, eles apenas dizem: clique aqui e compre!
As pessoas não escrevem mais.
Não possuem o mesmo sentimento do remetente de outrora que,
diante do tempo despendido em escrever uma carta, aguardava ansiosamente apenas
uma resposta.
Ninguém diz: “você é importante”, “preocupo-me com você”,
ninguém diz: “eu te amo”.
Deixem os emails para as lojas e na nossa vida superficial
vamos apenas, “curtir”, dar um “RT”, postar um “kkkk”, “rsrsrs”, ou J, ;)!
Talvez isto baste para os eremitas digitais da atualidade!
E eu já ia me esquecendo de dizer que, antigamente usávamos
cartas quando longe um do outro, mas quando perto, havia o olhar, o toque, o
abraço,
Havia conversas em volta da mesa, à luz do luar ou à beira
da rua, havia afeto!
Call Moreira
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